terça-feira, 23 de janeiro de 2024

Lufia & the Fortress of Doom (Restored) (não exatamente as impressões iniciais)

 

Sabe aqueles momentos que você está aleatoriamente pesquisando e se lembra de algo que você mal havia tocado no passado? Tu lê um pouco sobre ele, e pensa que pode ser interessante dar uma outra chance?
 
Esse é o meu caso com o primeiro Lufia,  um JRPG, lançado no SNES em 1993. 

Teve críticas elogiando os personagens e a história, então pensei em tentar novamente sem desistir nos primeiros 10 minutos.
 
Estou jogando uma versão hackeada desse jogo que torna a experiência um pouco melhor. O nome do hack é Lufia Restored, sua versão atual enquanto escrevo o artigo é a 3.1.

Entre as coisas positivas está:
  • Uma taxa de encontro 50% menor a do jogo normal que é extremamente criticado pela alta taxa de encontros.
  • Personagens andam mais rápido.
  • Itens, personagens, magia e etc... tiveram nomes alterados para serem mais fiéis aos jogos seguintes da série.
  • Alteraram a fonte das letras.
E outras coisas que você pode ver, clicando aqui.
 
Legal, agora vou finalmente falar do jogo em si.
 
 

O PRÓLOGO  


Começo recomendando que não assista a abertura do jogo presente no menu principal, porque é exatamente a mesma de quando o jogo começa, e você não pode pular ela. 
 
Descobri da pior forma.

O jogo já começa um pouco diferente do normal com você jogando com o equivalente aos protagonistas na dungeon final indo enfrentar o grande vilão, ou vilões no caso desse jogo. Num jogo normal isso seria uma cutscene ou apenas um muro de texto, mas você realmente joga com os personagens, algo semelhante a Simphony of The Night com o Richter Belmont.

Como os criadores não são sádicos, esse prólogo é ridiculamente fácil, com o inventário lotado dos melhores itens e nem mesmo os chefes causam muito dano. Serve mais pra pegar as mecânicas básicas e introduzir a lenda de Maxin e cia salvando o mundo a 100 anos atrás.
 
Uma coisa interessante desse prólogo é que ele narra o final da jornada do que seria o segundo jogo da franquia, dando um mega spoiler de um jogo que só seria lançado dois anos depois. Incrível.
 
Após esse prólogo na fortaleza maligna, passamos pro presente com o protagonista, que você escolhe o nome, com a sua amiga Lufia (yeah! O mesmo nome do título), que se conheceram na infância.
 
Outro detalhe interessante é que o nome original do jogo não era Lufia, foi total liberdade dos americanos esse título. Essa mudança não só meio que já oferece ao jogador um bom indicativo que essa amiga de infância vai ser importante pra caramba na narrativa logo de cara. Além de provavelmente isso não ser a intenção do roteirista original, isso também torna ultra estúpido ser o nome da série, já que a personagem Lufia não aparece nos jogos seguintes. Nem mesmo um personagem com o mesmo nome. Tornando o título das sequências sem sentido.
 
Pense em Em Busca do Vale Encantado, que até hoje deve ter gente achando que todos os filmes são sobre os protagonista tentando encontrar esse vale, quando eles já encontraram no final do primeiro filme, e todas as continuações são sobre a vida deles nesse vale. Tudo porque a tradução brasileira alterou o nome original que é Land Before Time, que não gera essa confusão.
 
Qual foi o ponto dessa última parte? 
 
Apontar como tradução pode gerar confusões desnecessárias, enquanto eu desvio do assunto que deveria estar comentando.
 
 

O JOGO REALMENTE COMEÇA 

 

Algo bem mais típico de JRPG, num vilarejo feliz, sem grandes problemas, um jovem sonhador que busca mais na vida, um mundo em paz a um século. 
 
Yeah! Tudo normal.
 
Exceto que monstros parecem ter voltado a atacar a população, e como todo exército ficou fazendo porra nenhuma no último século, eles se tornaram extremamente burocráticos, lentos e desajeitados.
 
Eu não estou zoando, essa é a justificativa que o jogo oferece pra você e seus companheiros serem os únicos a enfrentarem os monstros.
 
discurso muito boomer
Resumindo a situação dos protagonistas

Como a falta de vontade do pessoal é muito grande, protagonista ruivo vai até o reino próximo, Sheran, que havia rumores de estar sendo atacado pra investigar.
 
Ele confirma as investigações, volta pro seu reino, Alekia, pra avisar que se preparem, recebe a notícia que pode levar semanas pra fazerem alguma coisa, taca foda-se pro seu chefe e volta pra Sheran sozinho de novo.

Ou pelo menos é o que pretendia. Lufia, preocupada com protagonista ruivo, decide que vai ir com ele e não vai aceitar não como resposta.

Os dois vão juntos pra Sheran, usam uma chave que pegaram com um cara convenientemente no meio do caminho, e salvam o rei e umas duas mulheres que deviam trabalhar no castelo. 

Quando os cinco saem do castelo, são surpreendidos com monstros e um cara chamado Gades, um dos chefões no prólogo. Protagonista ruivo pede pra Lufia levar o rei e as mulheres em segurança pra Alekia, enquanto ele distrai Gades.
 
Aqui acontece duas das minhas cenas favoritas, a primeira com protagonista ruivo questionando se Gades não pensa no mau que está causando, cujo Gades respodende: 
"Cavalheiro estúpido, eu sou do mal."

Com uma convicção tão gigante que Homem Sereia estaria internado em coma se tivesse presenciando a cena.

E a segunda parte é a Lufia voltando, afirmando que não só nesse meio tempo deu pra levar aqueles três pra Alekia, como também foi capaz de já organizar um acordo com o rei de Alekia pra restaurar Sheran e arranjar acomodações pros três sobreviventes, tudo isso apenas na duração da batalha entre protagonista ruivo e Gades.

Quando tempo protagonista ruivo ficou metendo porrada em Gades até o mesmo se cansar e acabar logo com isso? Dias?!

Como Alekia ainda se recusa a agir, protagonista ruivo menciona sobre como ele precisa derrotar Gades e seus companheiros, pois o grande Maxim foi seu antepassado (ele já tinha mencionado isso, só mencionei agora por relevância).
 
Lufia como não quer ver Ruivo ferido, vai junto com ele viajar pelo mundo em busca de aliados pra derrotar o mal.
 
Ohhh, YEAH!!! Isso tá finalmente acontecendo!
 
Ruivo e Lufia vão a cidade porteira de Treck, onde ouvem que existe um velho que já mencionou ter relação com um dos antigos heróis que salvaram o mundo. Ruivo menciona que Maxim foi seu antepassado e sua luta contra Gades, e convence o velho a oferecer informações.

Ele leva os dois pra casa de uma sobrinha/neta (não lembro qual) e a convence a levar os dois a um lugar importante.

Após os três viajarem um pouco, eles encontram Guy, um dos quatro heróis que havia salvado o mundo a 100 anos. Considerando que o cara é humano, Ruivo e Lúcia tem boas razões pra ficarem surpresos pelo cara não estar morto.

Infelizmente isso dura pouco, após Ruivo mencionar que os monstros voltaram e Gades e potencialmente seus aliados retornaram, Guy tem o que pode ser interpretado como um ataque do coração e morre.

Não estou exagerando, a cena faz parecer que o cara ficou tão pertubado com a notícia que teve um ataque ali mesmo e morreu, imagina isso após jogar o segundo jogo, com você tendo jogado com esse cara e ver isso!? Vendo um velho a um pé da cova ouvir que todo sacrifício que tinha realizado a 100 anos foi inútil e agora tá acabado demais pra fazer algo e morre logo em seguida.

...

Porra...

Antes de morrer, Guy avisa sobre a localização do outro companheiro deles que ajudou a salvar o mundo, Selan, que como era um elfo, deveria estar em condições de ainda ajudar na luta.

Os dois voltam pra Treck, com o intuito de viajar de navio. Eles se encontram com um cara chamado Aguro, que é membro de um outro exército. Ele ouve a história de Ruivo e Lufia, e decide levar os dois no navio dele.

Sem grandes surpresas, o navio é destruído e os três acabam entrando numa batalha que pode ou não ser considerada a primeira batalha contra chefe, ignorando o prólogo e a falsa luta com Gades. Não pode porque são quatro inimigos, e pode porque são muito mais fortes que os inimigos que você tava enfrentando. Vai depender da sua definição.

Ainda não é uma batalha fácil.

Os três derrotam os monstros, mas vão precisar fazer uma viagem atravessando uma caverna pra chegar numa ilha e resgatar um barco de um capitão pra finalmente sairmos do primeiro continente. 

Temos outra batalha complicada, mas agora com apenas três inimigos fortinhos.

Os três resgatam esse navio, é finalmente podem viajar. 

Aguro se separa por pouco tempo pra discutir com seus companheiros sobre o que descobriu. Enquanto Ruivo e Lufia aproveitam pra comprar vestidos, porque era o momento obrigatório de descontração de JRPG, sempre tem que ter um.
 
Tem um mini trama sobre um garoto roubar seu dinheiro. 
 
Considerando que eu já tinha gastado tudo, eu desejaria boa sorte pro garoto se sustentar com apenas aquilo. 

Depois você descobre que ele é filho de um arqueólogo que fica sempre viajando e não tem muita grana pra enviar, e isso espero que sirva de algo maior na trama.

Aguro retorna avisando que vai se unir com os dois porque o exército dele é tão bunda mole quanto o do Ruivo.

Essa coisa de "Homens fortes criam tempos bons, tempos bons criam..." tá começando a ser a mensagem que estou pegando desse jogo.

Os três viajam pra cidade de Grenoble, onde mais tarefa filler, envolvendo pegar item numca caverna. 

Pelo menos essa caverna tem a mecânica de ir liberando mais andares de acordo com os leveis que os personagens vão adquirindo, ao menos isso é interessante.

Os três vão pra um torre pra Ruivo ser testado por um aprendiz de Selan e... foi tudo que eu joguei até o momento. 

Olha, a história por enquanto tá bem... genérica, mesmo pro padrão de 1993.
 
Tem uns caras maus, monstros estão a solta, você vai salvar o mundo. tudo executado da forma mais meh possível, coisa mais básica e previsível. Tem uns momentos bons como o prólogo e o encontro com o Guy que até gostei, embora acho que foi mais surpresa por não ter muita expectativa.

Da pra aliviar se ao menos os personagens forem interessantes. Final Fantasy 5 saiu um ano antes e os personagens tinham sprites até bem expressivos e uma boa química entre a equipe, apesar da história não tão interessante.

Mas nem isso. A caracterização dos protagonistas em Lufia são bem básicas também. 
 
Protagonista é herói genérico que quer uma aventura, proteger os inocentes, e seguir o legado do seu antepassado. Lufia é a garota genérica de anime, não quer ver o protagonista se machucar, e oferece algum apoio, e também não gosta de violência. Aguro parece gostar de perigo e essas coisas. 
 
Você conhece esses personagens, só possuem outro nome dessa vez.

Nem fico surpreso que a continuação foi uma prequel focando no Maxim, o cara não tem nem 15 minutos de aparição direito, mas é mais carismático que o protagonista principal, ao menos demonstrava ser um líder competente e inspirador. 


É COM CERTEZA O PRIMEIRO RPG DESSE ESTÚDIO 


As habilidades dos três refletem suas personalidade. Protagonista é balanceado, Lufia é a personagem maga, Aguro é o porradeiro. 

Tipo... ao menos deveria parabenizar os produtores por diferenciar as habilidades dos personagens uns dos outros,  já é mais que FF7 original fez nesse aspecto.

Por enquanto o jogo não está difícil, tirando as batalhas mais específicas mencionadas no texto.
 
Deu pra ter uma ideia como o jogo original é frustante com os encontros com inimigos. Foi cortado em 50% a taxa  e a presença deles tá bem na média dos jogos da época ainda, tirando uma caverna específica que encontrar batalha tava complicado. 

Esse é um jogo que os monstros deixam pouquíssimo dinheiro, então você vai ter que explorar pra achar itens pra vender ou esperar que a RNG seja amigável e lhe conceda batalha com monstros que oferecem mais dinheiro (eles só começam a aparecer no segundo continente).

Isso me lembra de apontar a navegação dos menus nesse jogo. Ela é um pouco confusa. Não é algo que vai demorar pra se acostumar, mas é muito poluído visualmente, outros jogos geralmente quando o jogador escolher uma opção no menu, ele tira informações de uma tela pra você focar apenas nas informações específicas dessa opção. Nesse jogo tu escolhe itens, ainda tem os protagonistas ali no canto mostrando HP e MP, por exemplo. Isso distrai tanto. As vezes da a sensação que talvez você não esteja na seção certa, porque a tela não muda substancialmente de uma opção pra outra. É algo que você precisa ver pra realmente ter uma noção.

Também tem opção pra organizar menu automaticamente, então ele vira uma bagunça bem rápido se tu não organizar manualmente. Por sorte os criadores colocaram uma imagem pra representar se um item é arma/armadura/poção e etc... o que torna mais rápido e simples pegar o que é o quê.
 
Lufia também tem um status envolvendo peso, que influência a velocidade de ataques dos personagens. Não é incomum esse status num RPG, mas por motivos não conhecidos, diferente de absolutamente todo outro status dos personagens, você só consegue ver isso quando compara equipamentos ou armas numa loja. Isso é tão estúpido e irritante, ter que ir sempre na droga de uma loja pra ver quanto certo item vai impactar sua velocidade.
 
Isso também não é bem balanceado. Muitas vezes o aumento no ataque e defesa compensa, então da pra apenas ignorar.
 
Esse jogo por algum motivo, se um dos seus personagens matar um inimigo e você já tinha colocado outro personagem pra atacar esse inimigo, ele ainda tenta acertar esse inimigo morto, desperdiçando o ataque. 

Num RPG lá do Nintendinho, eu ainda entenderia esse tipo de coisa, mesmo que vários RPG's daquele console já soubessem evitar isso, mas no caralho do Super Nintendo, em 1993, seu personagem ainda mira o ataque no personagem que já morreu é insano.
 
Ainda no combate, Lufia usa um sistema de mirar nos inimigos baseado em grupos, o que quer dizer que se inimigo A está junto com inimigo B pra criar grupo A, você só pode escolher atacar grupo A, mas nunca escolher atacar inimigo A ou B.

Numa linguagem mais simples, dependendo da batalha, você pode querer derrotar um inimigo específico, mas os personagens podem ficar atacando aleatoriamente outros inimigos se estiverem no mesmo agrupamento.
 
Já odiava isso em Phantasy Star porque reduz o controle que o jogador tem na batalha, mas em Lufia parece pior. Os seus personagens parecem amar não mirar no inimigo que você queria, ou ficar distribuindo os ataque entre cada um deles, pra nenhum deles morrer logo. É frustante.

Apesar disso tudo, eu não odiei o jogo, ele ainda é minimamente respeitável.
 
Yeah... certas coisa são por causa de ser um hack pra melhorar a experiência, e por isso recomendo usar ele, mas tem umas coisas já presentes no jogo original que são bacanas.
 
Tem a caverna com mais andares pra acessar de acordo com os níveis dos personagens, e que tem sempre uma missão pra cada andar envolvendo pegar um item específico e receber grana num processo. É quase uma questão secundária de um jogo mais moderno. É relativamente inovador pra época. 

Eu também gosto da tela de batalha. Ela é bem simples de entender e o visual oferece uma boa ideia do que está acontecendo em batalha.

E... é só isso mesmo. 

Lufia não tem muita coisa pra destacar de positivo, eu nem sei como ele recebeu notas tão altas na época que saiu.
 
Porém, também ainda não terminei o jogo, ele ainda pode me surpreender.

A razão para algumas das decisões e ações do jogo parecem partir do fato que Lufia foi o primeiro jogo do estúdio Neverland, não confundir com o primeiro RPG, o primeiro jogo mesmo. Isso meio explica porque o jogo é tão básico em certos aspectos e um pouco fora do comum em outros.

Mais coisa interessante, esse estúdio criaria no futuro a série Rune Factory, que não é exatamente grande ou muito popular, mas tem um bom público com jogadores de JRPG e gerenciamento de recursos. Então o futuro parece brilhar pra empresa... até falir em 2013.


CONCLUINDO 


Vou terminar esse artigo dá forma mais boomer possível, em homenagem aos exércitos bunda moles de Lufia.

O discurso do Rocky Balboa.



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