terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

Avaliando Risen (2009 - Xbox 360)

 



Já vai ser a terceira vez seguida que eu avalio um RPG. Prometo que o próximo vai ser alguma coisa diferente.


Os dos artigos anteriores foram de franquias mais conhecidas e bastantes diferentes entre si. Breath of Fire era um JRPG de turno com ideias interessantes, mas ainda não fugia muito do padrão de JRPG's da época. Mass Effect foi um RPG de ação que sacrificava um sistema mais robusto em busca de uma apresentação mais cinematográfica de sua história, sendo um dos pioneiros nessa mudança em RPG's ocidentais.



Risen é diferente desses dois. Apesar de ser ocidental igual Mass Effect, ele segue uma filosofia mais na linha que os RPG's ocidentais seguiam no inicio dos anos 2000. 


Para dar mais contexto a essa linha que os desenvolvedores usaram nesse jogo, é melhor dar uma leve explicação sobre eles.


Risen foi criado por um estúdio chamado Piranha Bytes, que é extremamente conhecida entre os fãs de RPG's de computador por ter criado os dois primeiros Gothics lá no inicio dos anos 2000.


Gothic 1 e 2 foram aclamados pelos seus mundos imersivos, onde eventos e decisões tinham influencia sobre outras coisas em todo o mapa. Novas missões iam sendo liberadas de acordo com o avançar da história, novos inimigos iam surgindo de acordo com eventos ocorridos, pessoas te odiavam caso você escolhesse se afiliar a um grupo odiado por ela...


Pra resumir, Gothic 1 e 2 faziam o que fãs de CRPG hardcore amam. Muitas escolhas de como cumprir uma tarefa, razões para tal tarefa existir, decisões que tenham forte influência em sua experiência enquanto joga, e sem o jogo segurar a mão do jogador o tempo todo.


Em 2006, a empresa faria Gothic 3, que decepcionou muito os fãs e que de certa forma acabou levando o estúdio a buscar sua própria independência. Como eles não tinham direitos sobre o IP de Gothic, eles tiveram que improvisar um novo IP pra sua nova fase. E assim nasceu Risen, o jogo que muitos consideram a continuação espiritual de Gothic.


Vai ter spoilers, então não leia se achar que vai arruinar sua experiência.

Uma boa trama quando tá presente



A história começa com uma cena falando levemente sobre como está o estado do mundo atual. Seres conhecidos como Titãs estão causando desastres ao redor do planeta, e um desses titãs destroem o navio que o protagonista estava presente.


O jogo começa com o protagonista, que o nome nunca é mencionado, acordando em uma ilha sem entender onde está. Após explorar um pouco da ilha, aprendendo as mecânicas básicas, você descobre que existe um conflito entre duas facções nessa ilha. O bando do Don, a facção que controlava originalmente na ilha, e os inquisidores, que estão sobre controle do Monastério e Harbour Town.


Além do conflito entre as duas facções, a ilha sofre com a presença de vários monstros e o surgimento de várias catacumbas e templos.


Após avançar mais um pouco na trama você entra em contato com o inquisidor Mendonza, o líder dos inquisidores na ilha. Ele fala com o protagonista que acredita existir algo dentro do vulcão que explicará os eventos estranhos acontecendo e talvez uma forma de enfrentar os titãs.


Após ter de procurar pelas cinco Disk Keys que abrem o portão para o Vulcão, você junto de Mendonza e seus homens começam a explorar o vulcão em busca de seus segredos. 


Lá é descoberto um espírito de um titan lord, Ursegor. Ele revela que o segredo contido era um Titã de fogo. Mendonza começa a acreditar que pode controlar o titã e usá-los para derrotar os outros titãs no continente. 


Independente do que você escolha, você se recusa pois a presença do Titã é a única coisa que evita as tempestades de destruírem todos nessa ilha. Mendonza se tranca junto do titã do fogo e seu próximo passo se torna buscar partes da armadura do espírito do titan lord em volta da ilha.


Yeah! Buscar mais itens antes de finalmente progredir.


Após conseguir as partes da armadura. Você está finalmente pronto para enfrentar o Titã de fogo, tendo antes de enfrentar o Mendonza.


Tu mata Mendonza, enfrenta o Titã, os créditos começam abruptamente, e o jogo acaba.


Vou ser franco, eu achei a história um porre.


Nem por ela ser ruim, ela até tem um conceito legal apesar de não ser nada revolucionária ou um grau de criatividade absurdo, mas é de decente o bastante, e os diálogos e os personagens principais envolvidos nessa trama são competentes.


Os titãs e o caos que causam realmente chama a atenção, o mundo inteiro parece girar em torno deles, você vê o impacto deles nas vidas das pessoas, até entra em discussões com pessoas muito preocupadas com a situação do continente, só podendo imaginar o que raios os titãs tão fazendo lá, nem sabendo se a civilização lá já não caiu.


O mistério do que possa estar dentro do vulcão é interessante enquanto dura, e a revelação que era um titã e que titãs acabam se afastando uns dos outros não zoa uma bosta e até responde bem a dúvida de porque raios os titãs não entravam em contato com a ilha.


Apesar de Mendonza parecer um lunático tentando controlar um titã apenas pelo que poderia ser considerado orgulho ou fé cega em sua crença, a justificativa de querer utilizar o titã para derrotar os outros titãs, que o jogo da indícios que podem tar causando o caos no resto do mundo. Você até consegue entender a razão do cara, apesar dele cagar completamente pro risco que pode estar gerando para todos os moradores na ilha.


As duas facções realmente tem seus pontos fortes e fracos que tornam a decisão de escolher entre um deles complicada.


O Don e seus homens são compostos de vários criminosos, e conversando com pessoas por aí você descobre vários esquemas de corrupção e incompetência ligada a vários dos membros. Parece um grupo sem qualquer qualidade, mas até que elas existem de certa forma. Eles até possuem pessoas legais e amistosas, o próprio Don é bem compreensivo pra um chefe do crime, apesar de cagar muito pra tudo que não o ajude. Sim, os inquisidores a princípio parecem até gente boa com o discurso de estarem mantendo o pessoal dentro da cidade para protege-los, mas depois você vai descobrindo que eles deixam várias pessoas a sua mercê, ignorando seus problemas. O próprio bloqueio que eles colocaram em Harbour Town, impedindo as pessoas de saírem leva a um sério problema de abastecimento de vários produtos (algumas de suas missões são ligadas a essa questão). E bem... ao menos o primeiro contato que você vai ter com os homens do Don não vai ser eles tentando te nocautear e te levarem para o monastério.


Uma das melhores coisas é a conexão entre os vários eventos ocorrendo no jogo, parece que todo conflito leva a vários outros que irão levar a mais outros. Um caso de assassinato pode levar a um esquema de venda de drogas, que pode levá-lo a acessar uma área contendo um livro que alguém está procurando.


O jogo é lotado com essas conexões, o que torna a tarefa de encontrar missões além de mais simples, torna a experiência mais imersiva já que o conflito de cada NPC tem ligação com o de outros, mesmo que seja pequeno, tornando o mundo mais realista.


O que eu consideraria o que realmente puxa a história desse jogo pra baixo, é que ele mal tem presença no jogo. O primeiro capítulo do jogo é só você escolhendo qual facção você vai entrar, você vai apenas ouvir sobre o vulcão e os mistérios envolvendo só no finalzinho dele. E quando você finalmente acredita que a trama vai andar, o Mendonza te mandar buscar as Disk Keys e o capítulo dois acaba se resumindo a ficar buscando elas. Só no capítulo três é que você finalmente vai entrar no vulcão e seguir com a trama principal finalmente. Só pra no final a maioria do capítulo quatro, o último, se resumir a você ficar buscando a armadura pra enfrentar o titã do fogo.


No final das contas, dos quatro capítulos, menos de um e meio é você realmente fazendo algo que realmente pode ser considerado uma "campanha principal".


Que merda, e isso nem são todos os problemas que tenho com ela. Eu também fico incomodado com você não poder escolher trabalhar com o Mendonza. O jogo até aquele momento fez um bom trabalho em fazer eu sentir que minhas escolhas importavam, aí chega no Mendonza me perguntando se vou ou não ajudá-lo, e todas as opções são formas diferentes de negar. 


Talvez seja porque não tinham condição de trabalhar num final distinto, ou colocaria muita pressão pra fazer uma campanha distinta no segundo jogo caso alguém tenha escolhido ajudar Mendonza, mas ainda sim, achei que uma escolha importante daquelas só ficar preso a uma opção um saco.


E sério, o titã do fogo tem uma aparência muito bosta pra um ser de uma raça que supostamente está deixando a humanidade a sua mercê.




Olha isso! Tem inimigo padrão em JRPG que impõe mais pressão.


Pra resumir, a história do jogo é bem estruturada e interessante, o mundo parece bem vivo e tudo parece se conectar, apesar do conceito nada interessante. O maior problema é que você mal tem contato com o que pode ser considerado a trama principal do jogo.


Visual poderia ser mais variado


Como já dito, Risen se passa numa ilha. E como é de se separar de um lugar assim, o visual é paradisíaco, tendo bastante vegetação, praias, uma cidade costeira, e relevos montanhosos. 


Também existe um pântano, fazendas, templos perdidos, cavernas, um monastério, e um vulcão e sua parte interna. 


Os gráficos não são muito detalhados nem mesmo para o padrão de 2009. Jogos como Moderno Warfare 2, Resident Evil 5 que sairão no mesmo ano são mais bonitos. Mesmo jogos com mapas grandes como The Saboteur ou Far Cry 2 eram mais bonitos nesse aspecto.


O mapa não é muito grande se for olhar bem, comparado a Skyrim, Risen não deve ter nem um quinto do tamanho.


Risen realmente brilha na estética e organização dos cenários. Os ambientes são bem imersivos no geral, o pântano tem uma atmosfera de lugar nojento, perigoso e rudimentar pelo ambiente escuro, a neblina em volta, e as várias construções que parecem que foram feitas com o mínimo de cuidado com qualquer material que puderam encontrar, com monstros a volta.  Em contrapartida com Harbour Town, uma cidade bem localizada, com placas e várias estrada direcionando você a ela ligação direta ao mar, com Sol na manhã e tarde, construções de rocha bem acabadas, com uma grande muralha em torno dela toda, ruas com paralelepípedo. Sendo um ambiente bem mais amistoso que o pântano.

Todas as áreas apresentam algum segredo ou uma construção que aparenta ter/tido uma função. Nenhuma área enorme que você vai apenas andar, todas elas são lotadas de algum ambiente pra explorar, uma caverna pra entrar, uma cabana com alguém pra discutir, alguns deixados por aí , as vezes com o dono original morto a poucos metros. Tudo no ambiente te estimula a ficar explorar, e digo que dificilmente não acaba tendo alguma coisa interessante pra encontrar.


Várias vezes você vai estar encontrando uma rota alternativa para um caminho que você vai ter passado anteriormente, é até impressionante como esse jogo é lotado dessas ligações. Foram várias as vezes que fui andando bastante para explorar mais a fundo a ilha, entrei num caminho que me acabou levando logo do lugar que eu tinha vindo e pensei "porra! Eu tava tão perto assim?". 


O que Risen não tem de tamanho, ele tem com um bom level design do mapa.


Só reclamaria que o ambiente se torna monótono de olhar depois de um tempo, já que a fauna e flora da ilha em sua maioria é o mesmo em todo o canto. Embora seria estranho ter por exemplo neve ao mesmo tempo que já existe uma vegetação tropical numa ilha tão pequena, então dou um desconto pra falta de variação. 


Ah, é. Eu joguei a versão do Xbox 360. Se possível joguem a versão de PC. O que tinha de ambiente não carregando na minha frente e problemas de performance não é brincadeira. Não torna o jogo injogável, mas obviamente Risen é mais um dos casos de port de jogo originado no PC que a versão de console teve resultados duvidosos.


As mecânicas e eu reclamando da animação de ataque dos inimigos 


O sistema do jogo é uma mistura de excelente ideias e de execuções não tão excelentes.


Seu personagem já tem um visual pré-estabelecido e imutável, então caso você goste de mudar a aparência deles. Sinto muito, mas em Risen isso não existe.


Toda a evolução do personagem vai depender do que você vai querer aprender ao longo da jornada, não tem qualquer escolha de classes também. 


A cada capítulo novo o jogo sofre algumas variações. Novas missões são liberadas, novos equipamentos e itens são vendidos, e novos inimigos vão surgindo.


Uma das coisas que já vi fãs da Piranha Bytes elogiarem era como funciona seus sistemas de level up. Como vários outros RPGs, você precisa de experiência para avançar de nível, e em Risen você consegue experiência matando monstros, concluindo Quest, abrindo fechaduras, descobrindo novas áreas, o comum de um RPG ocidental. E a cada nível você consegue uma quantidade determinada de pontos pra gastar em várias habilidades. 


O que torna Risen diferente de outros jogos é como isso funciona exatamente. O primeiro e mais importante ponto é que você precisa conversar com um especialista na habilidade que você quer para poder evoluir. Quer melhorar suas habilidades como espadachim? Precisa de alguém que saiba manusear espadas. Aprender alquimia? Alguém que estude essa área. Melhorar sua força? Alguém forte e que esteja disposta a te ensinar.


Vale lembrar que sua vida é a única coisa que evolui quando você avança de nível. Qualquer outro atributo do personagem depende que você vá aprender algo de alguém ou utilizando uma poção que aumente tal atributo.


Outro recurso importante é que você não pode melhorar atributos como o ataque e a defesa, elas dependem exclusivamente das armas e armaduras que você equipar, sem qualquer forma de melhoria para elas. 


Para evitar que você apenas conseguisse uma arma pika logo no início e mate tudo na sua frente, o jogo exige que você coloque uma quantia determinada de pontos de força no seu personagem para poder usar a arma, e dependendo da arma, o jogador vai precisar de muito ponto gasto apenas em força.


Armaduras não dependem disso, mas adquirir armaduras é bastante complicado. Geralmente dependo que você progrida até determinado ponto da história ou desembolsando muita grana.


Além do atributo força que é o responsável por praticamente todas as armas que você vai carregar, tem o atributo destreza e sabedoria.


Destreza é importante para equipar algumas poucas armaduras e utilizar arco e flecha. Sabedoria é necessária para a criação de selos de magia.


Mana é necessária para utilizar magias.


Os atributos não são igualmente úteis. Força ajuda você a praticamente carregar toda arma no jogo, compare isso com a destreza que apenas o arco e flecha e a coisa fica feia. Pior, força ajuda a usar bestas, então você nem precisa de destreza para atacar a distância.


Sabedoria depende de ler livros enquanto explora, então mesmo que você não tenha interesse em fazer selos dependendo do quanto você explorar, sua sabedoria será muito alta.


Mana permite que você use as três magias nesses jogo, o que é decepcionante. Compare com os selos que são vários e com efeitos bastante variados que vão de criar uma boa de luz flutuante para lugares escuros, invocar monstros, se transformar numa lesma para entrar em lugares pequenos ou numa besta feroz com um dano consideravelmente baixo pra algo tão poderoso, telecinese para mover objetos e alavancas, levitação...


Agora compare com magias que dependem de mana. Lançar bola de fogo, lançar projéteis, lançar espinho de gelo.


...


São só três! E os três tem basicamente a mesma função. Tudo bem que eles possuem efeitos distintos, bola de fogo causa dano por algum tempo após o golpe, gelo congela os inimigos por alguns segundos. Mas ainda é muito limitado, praticamente todo outro RPG tem mais tipos de magia que apenas três.


Ainda sim, mana ainda é bastante útil pra ataques de longo alcance, já que o sistema de mira de Risen não é dos melhores, e magias acabam sendo menos problemáticas que as bestas e os arcos nesses momentos.


O jogo possui 7 divisões de armas. Espadas de uma mão, espadas de duas mãos, espadas bastardas, cajados, machados, arcos e bestas.


Cada uma delas tem 10 níveis de habilidade. O legal de Risen é que ao invés de só melhorar seu dano ou colocar um efeito, melhorar elas te dá uma nova habilidade com elas, como dar golpes enquanto salta, mais um golpe adicionado ao combo, contra-ataque... Você realmente aparenta estar se tornando mais habilidoso na arma que está usando. E um detalhe legal é que toda vez que você aprende uma habilidade com alguém, ele oferece uma explicação de como você pode fazer aquilo. Não altera a experiência de forma dramática, mas é bom sentir que meu personagem aprendeu algo porque um personagem no jogo ensinou e não porque o jogo agora diz que eu posso através de uma tela de tutorial.


Uma coisa que considerei um incomodado é que a armadura do Titan Lord é melhor do que qualquer coisa que você pudesse ter achado explorando ou comprando. Até faz sentido observando que ela é a armadura de um cara capaz de controlar titans, então tinha que ser absurda mesmo, mas até o machado que acompanha a armadura é definitivamente a melhor arma do jogo, não apenas o dano é extremamente elevado, como não tem exigência de força mínima pra usar, e só de equipar você recebe seis pontos de habilidade no Machado. Dependendo de como você distribuiu os pontos, o machado será a arma com os melhores combates, isso prejudica quem deu foco em alguma das outras armas, que desperdiçaram esforços em algo que no final das contas é inferior.


Ao menos a armadura só é conseguida no final do jogo, então dependendo de como você jogou, só vai estar faltando enfrentar o Mendonza e o titã do fogo. 


Também pode aprender a abrir fechaduras, criar selos, alquimia, roubar, criar armas com o ferreiro, minerar, tirar a pele de animais. 


Até pode aprender a cair de forma a tomar menos dano, dando um giro logo que entrar em contato com o chão.


E essas habilidades são realmente úteis dependendo do que você tá querendo se especializar. Abrir fechaduras permite que você consiga dinheiro, armas, relíquias, selos, ingredientes e poções pra caralho. Eu terminei entupido de tudo isso sem nem ter que se especializar ema alquimia, em selos ou como ferreiro, até ajuda a acessar áreas para conseguir missões. Produzir suas próprias armas pode ser bastante vantajoso já que conseguir dinheiro em Risen não é fácil. Alquimia permite que você possa criar várias poções que aumentem seus atributos ou que recuperem mana ou vida. Andar silenciosamente permite que você invada a casa de alguém sem ela já vir correndo atrás de você. Até uma habilidade que eu achei que não seria boa como a de roubar se provou útil.   


Diferente de vários outros jogos, roubar em Risen se faz começando uma conversa com a vítima, e o jogador rouba ela enquanto ela fala. Se demorar muito a vítima percebe o ato e começa a te atacar. Eu achei uma porcaria porque o jogo te limitava a roubar apenas um item da vítima, e ainda era só de algumas pessoas. Mas aí descobri que podia roubar itens de missão, que eu só poderia conseguir ou espancando a pessoa ou pagando um alto preço por isso, e isso me alegrou muito, principalmente quando o jogo oferecia a opção de você dizer na cara da pessoa que você pegou o item dela enquanto não via.


Agora eu falarei sobre o que considero como o pior problema do jogo. O combate.


O combate de Risen é relativamente simples. Como todo RPG de ação, você pode se mover livremente e atacar quando puder. Você pode saltar, se defender, atacar, esquivar, usar magias, selos, poções. 


O jogo permite que se coloque alguns itens no inventário para serem acessados através das setas, ficando mais rápido e simples para poder usar itens de cura, trocar de armas, usar magias, o que o jogador achar que vai ajudá-lo na batalha.


Usar itens de cura exigi uma animação do personagem, e ir para o inventário não para o tempo no jogo, então boa sorte tentando se entupir de cura como em Skyrim. KKKKKK!


Os inimigos podem esquivar e defender como você. Não é só inimigos humanoides que são capazes de fazer isso, até o primeiro inimigo que você encontrar no jogo pode ficar esquivando sem qualquer limite. 


Isso parece tão divertido quanto você imagina.


Mas não vou reclamar, é até bom que os inimigos não sejam burros que apenas ficam parado tomando dano,  isso quer dizer que qualquer erro é capaz de fazer você ser morto por eles, mas o jogo oferece uma boas formas de garantir que tu não vai morrer.


No meu caso, eu salvei após matar 3/2 inimigos sempre que podiam, e prendia eles na parede dificultando a esquiva e a defesa, também sempre que podiam.


Esse último eu tenho certeza que os criadores não queriam que o jogador fizesse, já que de certa forma estaria ferrando a programação do inimigos que não foram projetados com a intenção de lidarem com o jogador caso ele esfregue eles num canto, mas depois de morrer várias vezes para o mesmo inimigo você começa a não se preocupar mais com os métodos que usa.


O que eu diria que realmente incomodou nos inimigos nem é a defesa e a esquiva, é a animação de combate. Os inimigos de Risen não tem um padrão específico de combate, eles apenas atacam quando convém, o que torna impossível criar uma estratégia 100% funcional em combates a curta distância. Unindo isso ao fato que as animações de ataque desses inimigos não levam nem meio segundo para ocorrer, o que significa que eles muitas vezes mesmo que você vá dar um golpe antes dele, ainda tem chance dele te acertar primeiro, você fica praticamente dependendo de sorte para não tomar um combo quando tentar atacar.


Isso é frustrante pra caralho, imagina um desgraçado defendendo por mais de 1 minuto, você fica irritado, começa a atacar sem pensar direito, e o desgraçado de manda um combo de ataque e te mata. Isso é o combate de Risen.


Se os inimigos funcionassem como os inimigos de Dark Souls, o combate de Risen seria tão melhor.


E já ia me esquecendo de outro defeito no combate que já vi outros jogadores do jogo reclamarem, a mira automática nós inimigos. Ela é horrenda, numa batalha um a um ela até "funciona", pior que o Z target de Ocarina of Time que foi o jogo que introduziu esse tipo de mecânica, porque não acompanha os inimigos direito, mas tá lá. O caos surge quando tem dois ou mais, perdi as contas de quantas vezes estava atacando um inimigo e a mira alterou o foco pra um inimigo mais distante que eu não tava querendo atacar, e o carinha que estava enfrentando antes começou a me dar porrada.


Eu não sei dizer nesse momento se é a mira nos inimigos ou a animação porca de ataque deles, a pior coisa no combate de Risen.


O combate ficou mais fácil para mim quando aprendi magia de gelo, assim eu podia congela eles por um tempo e bater neles. Com inimigos mais complicados, eu usava magia de gelo até não sobrar quase nada de vida e encerrava com uma flechada, já que por algum motivo magia de gelo é incapaz de matar inimigos. 


O problema disso é que magias demoram muito mais para serem acessadas que as armas brancas ou o arco, então mesmo que você queira fazer um mago, vai ter que ser um guerreiro até conseguir acesso. Quem quiser fazer arqueiro também terá problemas já que conseguir uma quantidade decente de flechas também demora um tempo.


Quando você não tá numa luta, Risen é uma excelente experiência pra quem deseja milhões de formas pra fazer o que der em sua telha. Sério, esse jogo sempre dá um espaço pra você tomar uma atitude mirabolante (da pra entrar em Harbour Town saltando sobre o muro). Poucos jogos me divertiram tanto quanto Risen quando eu tentava fazer alguma loucura pra conseguir acessar algum lugar ou pegar algum item. 


O que torna uma pena que os dois últimos capítulos são focados em explorar templos, que não é ruim, mas não tem nem metade da graça de ficar interagindo com a população da ilha.

Missões secundárias


As missões de Risen infelizmente não fogem do formato padrão dos RPG's. Coletar itens, fale com certa pessoa, entregue algo para alguém, mate alguns monstros. Isso que eu acabei de dizer descreve a maioria das missões secundárias.


As missões secundárias mais interessantes foram a de resolver o assassinato no monastério, porque envolvia você fazer um legítimo trabalho de detetive. Interrogar as pessoas e realmente prestar atenção no que elas falavam e procurar pistas. E ajudar a Patty a encontrar o tesouro escondido do pai dela, porque a trama envolvendo a missão é interessante e com umas boas reviravoltas.


O que torna as missões de Risen tão boas são as várias formas que o jogo permite que você alcance o objetivo.


Digamos que você precisar pegar um item em uma sala. As possibilidades que você terá provavelmente será:


- Roubar a chave do dono do estabelecimento.

- Tentar abrir a fechadura caso tenha colocado pontos na habilidade de abrir fechaduras.

- Abrir a fechadura com um selo que abre fechaduras.

- Espancar o dono e pegar a chave enquanto ele tá caído no chão.

- Saltar pelo entorno, e entrar pela janela.

- Usar um selo de levitação e entrar pela janela.

Nem todas as missões disponibilizam tantas formas de concluir um objetivo, mas acredite, muitas oferecem ao menos duas ou três formas de concluir a tarefa. 


Isso é uma coisa que acho que deveria ter mais nos RPG's atuais. Formas de deixar o jogador ser criativo e recompensar ele por essa atitude. Apenas meter hordas de inimigos para o jogador matar é tão porco e genérico. O princípio dos RPG's não é que você deveria controlar as ações do personagem e decidir como ele deveria lidar com as situações? 


Além disso a forma como as missões se conectam é realmente muito bom. Você faz uma missão e no meio dela você descobre que personalidades no meio dela estão envolvidos em outras questões que levaram a ainda mais outras missões. 


Um exemplo disso é uma mãe em Harbour Town que lhe pede para averiguar como vai a situação com os filhos delas. Um deles esteve em contato com um anel amaldiçoado, outro estra em contato com você quando você tá fazendo o treinamento básico, outro é um dos membros do Don e participa de algumas missões no pântano.


 Tudo é muito bem conectado no mundo de Risen,  eventos e pessoas em algum canto do mapa de alguma terão alguma influencia ou ligação com pessoas em outros lugares. Isso ajuda a torna o mundo do jogo mais atmosférico e real.


Mas como dito anteriormente, os dois últimos capítulos de Risen abandonam muito desse tipo de conteúdo, e além de trazer menos missões, elas geralmente são de matar monstro, as mais sem graça no jogo.


Ao menos caso você tenha cumprindo os requisitos de uma missão antes de aceitá-la, Risen permite que você vá lá para a pessoa e diga que já terminou o trabalho. Ela te recompensa pelo serviço sem problemas. O que é bacana.


Ah é. Já ia me esquecendo. Risen não tem marcas apontando pra onde você deve ir, então se precisar fazer uma missão, você vai ter que ler a descrição na área com os registros delas, ler o que elas dizem pra fazer e quais foram os diálogos relacionados a ela (o jogo registra os diálogos relacionados a missão para você acessar) e ver onde tu deve ir e o que deve fazer.


Imersão! Que no fundo eu até gostei, já que pensar no assunto até me ajudou a me envolver mais nas missões ao invés de apenas seguir uma seta e fazer o que ela quer.

Atmosfera ao limite


A parte sonora de Risen é provavelmente a parte mais bem trabalhada nesse jogo.


As vozes dos personagens é realmente boa, principalmente de personagens mais importantes para a trama como Mendonza, o Don, Ursegor, até o protagonista, que apesar de eu achar a voz monótona em muitos momentos, ele ainda tem seus momentos em situações mais cômicas (principalmente sendo sarcástico) e sérias.


Os personagens menores não são tão bons, mas eles ainda são capazes de demonstrar emoção quando falam.


O som de animais a sua volta, o dom do mar batendo na costa, o som de lava se movendo no retorno, ajudam muito a mergulhar nos ambientes.


E a música também vai na mesma linha. Sempre prezando por algo que vai encaixar com o ambiente e a situação do personagem, o jogo até possui uma música de batalha para cada região do jogo, apenas para ter certeza que vai encaixar com a atmosfera. 


Acredito que foram até utilizados instrumentos da época medieval na composição da trilha sonora, não tenho certeza disso, mas se for, isso mostra a dedicação do pessoal nessa parte.


Considerações finais



Risen se encaixa melhor no que eu acredito ser o ideal para um RPG. Um mundo que aparenta ser verídico onde as pessoas tem noção dos eventos que estão acontecendo, múltiplas formas de lidar com as situações, várias áreas para seu personagem se especializar e personagens que agem feito pessoas normais e que não são caricaturas.


O jogo preza bastante pela sua atmosfera e imersão, tanto que até as suas mecânicas são discutidas abertamente pelos NPC's de forma que parecem coisas que fazem parte daquele mundo e não algo que existe apenas para o jogador.


A história poderia ter sido melhor implementada e ter mais relevância na jogatina, menos pega de itens seria muito bom, e provavelmente mais eventos importantes e interessantes relacionados a ela. A trama principal pode ser resumida a: escolha uma facção, fale com Mendonza, coleta as Disk Keys, entre no vulcão, fale com Ursegor, fale com Mendonza e rejeite sua proposta, fale com Ursegor novamente, colete as peças da armadura, enfrente Mendonza e o titã do fogo. 


Porra! Isso é tudo que você basicamente vai fazer.


A exploração é realmente legal, e usar os selos para ajudar nessa tarefa torna a experiência ainda mais divertida, aumentando os lugares e as formas que você pode explorar.


O combate tem as ideias certas, e no fundo eu consegui ver que tinha tudo pra ser ótimo. Mas a droga das animações bizarras de ataque dos inimigos e a mira automática caga todo o confronto de perto. E o de longe depende de uma mira péssima além de ser mais limitado pelas poucas magias e a menor quantidade de armas de longo alcance.


As missões tem objetivos sem graça, mas compensam pela grande quantidade de formas de se concluir o objetivo.


Uma opinião geral do jogo?


É um bom jogo. Eu recomendaria para qualquer fã de RPG. O mundo, a liberdade, a imersão. Risen acerta bastante no geral nesses quesitos, é um ótimo exemplo de RPG para fãs que gostam de RPG's mais fiéis a ideia original do gênero.


Agora para qualquer pessoa? Difícil responder. O combate do jogo é bastante irritante. Dá pra lidar quando você consegue magia, mas como já disse, magia demora um tempo pra se conseguir e ainda mais para ser capaz de usar como um recurso recorrente. 


E a falta de dicas, marcas no mapa, pode afastar quem não tenha saco pra explorar ou pensar bastante atenção no que os NPC's falam. E apesar do jogo ter selos que permitem que você se teletransporte, elas só começaram a serem acessíveis no capítulo 2 do jogo. 


Essas coisas podem afastar jogadores mais casuais.


Acredito que Risen vai agradar ou não vai depender do gosto da pessoa. No caso da minha pessoa, eu afirmo felizmente que sim.


Encerro meu artigo por aqui. 


Tenham uma boa semana e até o próximo artigo.


Nota: 7.5












Um comentário:

  1. A historia do mendonza parece um pouco com a do uchas(dark side)mas ao invés de roubar o poder dos titans ele vai em busca de controlar eles

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