sexta-feira, 25 de março de 2022

Falando sobre tramas envolvendo pais e filhos com animações




Após assistir o filme Turning Red, porque ele é o novo mal, e eu preciso ser mais um dos que vai chamar o filme de bosta. E um dos pontos no meio de uma discussão que tive no discord foi problemas pais e filhos.


Já tão entendo a correlação com a imagem, né?


Antes de continuar, eu sei que esse não é a único conflito no filme, só estou falando sobre o que tange esse assunto, isso não é de forma alguma uma crítica ao filme Turning Red, no máximo a apenas essa questão de pais e filhos já mencionado.


Então se aparecer nos comentários falando alguma coisa sobre "Turning Red ser ótimo e tu é imbecil", eu vou dizer Ok e seguir com minha vida.


E como a imagem já deu a entender, Pateta: O Filme será mencionado nesse artigo, e ele vai ser usado como um exemplo de filme que eu acredito que o conflito pai VS filho foi melhor desenvolvido.


A primeira parte será falando porque Turning Red me desapontou nessa questão, e a segunda como o filme do Pateta fez um bom trabalho.


Só pra deixar claro antes de finalmente começar, spoiler será uma coisa nos dois casos, então caso queira assistir um dos dois e não assistiu ainda, melhor não ler.


TURNING RED LIDANDO COM A QUESTÃO



Antes de continuar, preciso dizer qual é o atrito entre as duas. Meilin como toda jovem quer explorar o mundo e curte novidades, e a representação disso no filme é uma boy band, não confundir com K-Pop porque Red se passa em 2002 por motivos. A mãe de Meiin, Ming Lee, é aquelas mães super protetoras que sufocam os filhos por causa da falta de liberdade que oferecem.


O conflito obviamente é que Meilin precisa esconder seus gostos da mãe para evitar confusão com a mãe. Simples e dá para lições interessantes. Agora porque eu não curti como desenvolveram isso. 


Além do ponto óbvio que a mãe não recebe nenhum mérito pelo que defende, ainda dava pra sair algo bom. Isso não necessariamente significa que algo entre as duas poderia ter saído, a Meilin poderia ter aprendido algo com as outras pessoas de sua vida também. 


O pai, que é uma figura pouco presente na trama, não porque os pais de Meilin sejam divorciados ou porque ele tenha abandonado a filha ou algo assim, é só o filme que ama fingir que ele não importa 90% do tempo. Ele tem um momento próximo do final que ele encontra uma câmera com filmagens da filha se divertindo com as amigas, e em seguida conversa com ela sobre como a relação dele com a mãe dela foi problemática e gerou conflitos com a mãe. 


Agora me questiono como a Ming Lee teve tanto problema para entender o ponto da filha quando ela viveu ela mesma viveu esse problema de mãe intrometida na infância, a atitude dela deveria ser a de uma mãe mais liberal se for pensar bem. Principalmente se lembrar que ela casou com o cara que gerou o conflito entre as duas pra inicio de conversa, o que significa que ela não aceitou a decisão da mãe no final das contas.


No final das contas, o pai diz pra filha que ela deveria fazer o que ela gosta. Ao menos ele usou o exemplo de vida para tentar ensinar algo a filha. É uma coisa que pais supostamente deveriam tentar pra ensinar os filhos.


A mãe já é outra história. Ela recebe o grande foco, Meilin dá bastante atenção a ela e toda ansiedade e temor que ela demonstra no filme é por causa de Ming Lee. Pra dar um pouco de contexto, a mãe fala sobre entregar os absorvente da filha com todo mundo da sala vendo. Isso é vergonhoso pra caralho. 


Ela tem outras atitudes extremas como ir numa loja berrar com um garoto porque a filha fez um desenho dele num caderno.


A Mãe de Meilin com certeza tem seus problemas, mas a filha é uma santa?


Bem... comecemos pelo o que ela fez que considerei correto. Quando ela ouviu sobre um show da banda favorita dela na cidade, ao invés de não acreditar de maneira alguma que a mãe não a deixaria ir ao show e já armar para ir sem avisar, ela até preparou uma apresentação para convencê-la. Legal ver um filho pedir autorização dos pais antes. Claro, ela planeja ir mesmo com a mãe dizendo não, mas ao menos tentou.


Eu acho que só isso. A parte que ela pede desculpa pras amigas não seria tão bosta se elas e a Meilin no final das contas não se arrependeram nem um pouco de enganar a mãe de uma de suas amigas, e apoiar ela vender imagens do corpo pra conseguirem dinheiro pra um show de jovens superficiais, criados por uma indústria que vendem rostos bonitos pras garotas molharem as calcinhas.


Sério, vender imagens do corpo de uma jovem de 13 é muito errado, e o filme nem coloca isso como moralmente dúbio, ao menos, as cenas com ela vendendo imagens do corpo tão nas boas memórias com as amigas que você telespectador deveria curtir. Se os produtores esperam que os pais vejam que ser excessivamente protetores não é uma boa, colocar a protagonista de 13 anos pra fazer isso sem consequências negativas é tiro no pé. Isso se os país da criança se importarem com o que filmes infantis tão ensinando pra inicio de conversa.


Também tem umas duas vezes que a Meilin quase mata um garoto com a força extra que ela recebe com a transformação, o que dá menos razão pras atitudes da menina, mas não vou discutir isso porque o filme não sabe se decidir se a transformação é ruim ou boa.


Eu poderia por fim terminar reclamando com as cenas dando foco na bunda de Meilin, panda vermelho, com alguma envolvendo rebolado, que eu quero acreditar que não foi pra agradar "aquela gente, daqueles sites".


O filme termina com a Ming Lee expressando o quão sufocante foi a infância dela para a filha, o que me faz questionar de novo como ela faz as mesmas coisas da mãe, quando ela fez tudo que a mãe não queria quando se casou e teve uma filha com o cara que ela desaprovava. 


Sinto que pareço muito conservador reclamando das atitudes da Meilin nesse filme, e que muita gente vai ver isso e dizer "é um filme infantil e não deveria ver ele com olhares tão críticos". E eu vou dizer humildemente foda-se. 


Eu realmente eu não consigo gostar desse ponto no filme, nem só pelo filme não colocar em dúvida nada que a Meilin faz, como a própria história da mãe torna a atitude dela de ser mega protetora hipócrita considerando seu passado. Mesmo os poucos ensinamentos do filme que podem ser considerados bons, zoam errado quando você percebe as atitudes duvidosas que a Meilin teve ao longo do filme. 


"Acredite em si mesmo" venda imagens suas pra ir pra um show bobo que em 10 anos tu perceberá como essa banda era idiota. 

"Confie nos amigos" que foram junto nessa coisa de enganar a mãe e ajudar a vender imagens suas.


Eu acho que o meu maior problema no final das contas, é que esse filme foi feito apenas pra agradar o lado dos filhos. No final das contas Ling Mee fez todas as concessões que a filha buscava, enquanto a mesma não fez nenhuma pela mãe, na verdade, o filme mostra que várias das concessões que ela fazia pela mãe eram erradas.


Muita gente vai criticar que pais nem sempre são a voz da razão numa relação pai e filho. O que eu concordo e será mais fácil de entender quando eu falar do outro filme, paciência.


FILME DO PATETA LIDANDO COM A QUESTÃO


 
Caso muitos não saibam, eu já escrevi sobre esse filme num top 10 de filmes da Disney E um dos pontos que eu o elogiei foi como ele retrata relação pais e filhos. Agora ficará mais claro o motivo.


O filme começa com o Max tendo um sonho com o amor adolescente dele, Roxanne, parecia que ia ir tudo bem, mas ele no meio do sonho começava a se transformar no pai (o que eu considerava uma cena pertubadora na infância).


Não precisa ser um gênio pra sacar que o grande problema que o Max tem é que ela não quer ser o pai dele. 


Max tentando impressionar a Roxanne, ele e sues amigos pregam uma peça no diretor e ele faz meio que um show na frente de todos os aluno se vestindo de Powerline (o cantor da moda no filme). Max acaba sendo pego pelo diretor e enviado para a direção com os companheiros.


Quando tudo parecia uma merda pro Max, ele recebe uma visita da Roxanne e um pedido de encontro. O moleque faz uma puta comemoração que chama a atenção do diretor. O sujeito fica tão enfurecido que liga para o Pateta fazendo o Max parecer um monstro tão horrível que o Tony Montana pareceria um homem de bem no processo.


Essa ligação deixa o Pateta tão pertubado com a ideia do filho arruinar a própria vida, que ele logo pensa em fazer uma viagem para pescar, igual a que o Pateta tinha feito com o pai na mesma idade do Max.


Max fica puto, porque ele finalmente consegue um encontro com a garota que gosta e o pai vem de última hora com uma viajem para pescar. Antes de irem Max avisa a Roxanne que não poderia ir ao encontro graças ao pai, não querendo que ela ficasse com outra pessoa, Max fala que a viagem é para se apresentar junto com o Powerline num show muito importante em um mês. Isso consegue fazer a Roxanne ficar feliz com o Max e evita ela de sair com outro, problema é que ele prometeu estar no palco de um show que vais ser televisionado, o que obviamente é sinal de merda no futuro.


E assim começa as aventuras dos dois.


Muita gente vê esse filme e imediatamente parte em defesa do Pateta, afirmando que o Max é que faz drama por pouco e o pai dele é carinhos, atencioso, legal, e que Max não tem nenhum motivo pra odiar ele. Aí eu digo que não. Pateta é bem carismático e realmente se preocupa e gosta do Max, mas ele com certeza não tá livre de erros. O próprio inicio do filme mostra que os dois não tão muito próximos, e que não conhecem muito um do outro (Max não conhece nada sobre a viajem que o pai teve com o avó, Pateta não sabe sobre o amor do filho), um pai sendo o mais velho e responsável não deveria deixar a relação chegar a esse ponto.


E todo mundo se esquece da maior cagada do Pateta nesse filme. Ele não confiou nem um pouco no Max. O diretor falou que o filho era horrível e o Pateta nem questionou, nem tentou discutir com o Max o que raios aconteceu na escola. Ele apenas arranjou uma viajem e forçou o Max junto. Pateta nem tentou ver o que o filho gostaria antes da viajem, só visitando lugares que ele e o pai foram a vários anos atrás, só depois de um tempo que o Pateta percebeu que ele deveria parar de encarar essas férias com as férias que ele teve com o pai, e como as férias que ele tava tendo com o Max. E quando ele finalmente deu liberdade pro Max decidir onde eles parariam no meio da viajem é que a coisa melhorou mesmo entre os dois.


E todo mundo ignora que o Max teve atitudes nobres nesse filme. 


Quando percebeu que os lugares que tavam escolhendo eram muito pra o pai, ele começou a escolher paradas que os dois curtiriam. 


Ele teve a iniciativa, quando estavam naquele rio, de se abrir sobre os problemas e fazer as pazes. 


Ele falou para o Pateta que os dois não precisavam ir para o show do Powerline depois de tudo. 


Ele contou a verdade pra Roxanne mesmo no final das contas tendo conseguido se apresentar junto com o astro.

Ele salvou a vida do Pateta com a própria técnica de pesca que o velho ensinou.


E todo mundo ignora que ele é o jovem da equação, é supostamente pra ele ser mais falho mesmo, o que importa é que ela aprendeu boas lições e amadureceu no final das contas. E o Pateta no final está muito mais próximo do filho do que estava no inicio do filme, sendo exatamente o que ele queria.


Dá mais espaço pra você ser compreensivo com os dois lados, entender que nenhum deles é um cuzão esteriotipado enquanto o outro é o grande exemplo de pessoa a ser seguida. Até personagens no filme que são mostrados como errados recebem um tratamento generoso.


O Bafo, que também participa nesse filme, tem um filho também mas o tratamento dele é mais rígido. Agindo mais como um chefe. Algumas pessoas que viram o filme legitimamente apreciam mais a forma dele, porque acreditam que o pai deveria ser rígido e manter o filho na linha, alguém que o pai deveria respeitar e não questionar e ridicularizar. 


Não concordo muito com isso, eu não acredito que fazer seu filho te temer é a melhor resposta, mas consigo entender o pessoal com essa mentalidade. E também não é como se o Bafo tirasse qualquer liberdade do filho também, retornando ao papo de cuzão estereotipado. Ele até avisa ao Pateta que o filho dele manipulou o mapa, pode não ter sido pelos melhores motivos (ele pode ter feito isso apenas pra mostrar ao Pateta que dar liberdade a os filhos é errado), mas ele fez uma ação boa que é consistente com a sua personalidade no filme.


Até o diretor nesse filme tem seu mérito se for pensar bem. Ele só ligou para o Pateta porque viu o Max feliz na frente da sala dele, muito provavelmente porque achou que o Max estava comemorando pelo sucesso da peça que pregou.


Esse filme é mais esperto que o pessoal da mérito e espera de uma animação infantil. Yeah... muitas das piadas, humor e referências não sobreviveram aos últimos 30 anos. Mas muitas partes envelheceram bem, até o detalhe de adolescentes curtirem bandas/músicos idiotas da moda (embora eu curta bem mais o Powerline).


Em fim, Pateta O Filme é uma obra que eu sempre recomendaria pra alguém que queira o assunto pais e filhos sendo discutido em um tom mais agradável e cômico, ao mesmo tempo que consegue ser maduro e justo em sua mensagem.

CONCLUSÃO


Entre os vários meios artísticos que existem, as animações são um dos meus favoritos. Uma forma de ilustrar histórias com temáticas que geralmente as obras live-action não ousam tentar ou que as limitações do mundo real impedem a sua realização.


Infelizmente, até hoje ela sofre o estigma de ser algo exclusivo para o público infantil, mesmo com vários casos de obras adultas no meio. E a última década não ajudou muito nesse ponto, se depender até piorou.


E se tem uma questão que está muito em alta hoje em dia, que levanta muitas discussões e conversas longas e extensas que ninguém encontra uma resposta  boa, é a relação de pais e filhos. A discussão se resumiu a "jovem é burro e não sabe o que pensa" ou "o velho tá preso no século 19! Kek".


A situação é uma merda, acredito que seriamente que precisa chamar a atenção pra esse loucura e sossegar um pouco, berrar e ficar menosprezando o outro dificilmente vai resolver o problema do jeito que as pessoas tão querendo.


E acho que animações como a do filme do Pateta são uma forma mais alegre e descontraída do pessoal poder relaxar um pouco enquanto se diverte. Sossegar um pouco as vezes é justamente o que a pessoa precisa.


Obrigado por todos que leram esse artigo. O próximo será uma surpresa tão grande que nem eu sei qual vai ser. Sério, eu não tenho ideia.

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